Compromissar

Compromissar

Meu compromisso único,
A suspensão das garras dos ponteiros.
A fuga dos segundos somados, das horas contadas.

Contemplo o momento não quantificado.
Aprecio a pintura da alegria
E me envolvo no clássico gozo da beleza venerada.

Idolatro a música que presenteia os sentidos.
Entregue ao balanço da leveza,
Sem movimentos polidos.

Meu compromisso único,
O espírito álacre.
O embargo do imperativo “não-ser”.

Exulto a autenticidade
Nesse instante incontinente
Do tempo presente

Átimo de prazer improvável,
De expressão pulsante da leveza de “viver-ser”.
“Ser-viver”, meu compromisso único.

Adeus

Adeus

Uma esquina, um adeus.
A lua me extasia
Com a lembrança do brilho dos olhos teus
A saudade faz ranger meus ossos de tão fria

Viro-me, sigo o mesmo caminho
E sinto o último abraço
A me envolver como um laço
E então meu ser está sozinho.

Posso nunca mais ter teus braços
Posso nunca mais perder-me em teu afago.
Posso nunca mais ter tuas mãos a segurar as minhas.
Mas terei a fotografia que meus olhos captaram, e revelaram-se nesse intangível amor.

Teus traços estão marcados em minha alma
Sua nitidez nada se parece com esta captura
Em que, a lua embaçada, lembra-me de tuas passadas.
Que martelam a cada batida, a cada taça em homenagem tua.

Ah amado…

Ah amado…

Ah amado, onde estás senão na lembrança de noites a fio…
A conversar, trocar experiências, palavras carinhosas…
A transcender as barreiras e a tocar a alma…

Ah amado, não vês que o quero bem?
Que apesar da saudade, contento-me em recolher-me e silenciar-me
E entregar-me a devaneios, a fim de encontrá-lo…

Saudade da presença que tive
Saudade do seu olhar sereno, do sorriso de menino…

Saudade daquele que suspendeu-me e elevou-me aos mais belos sonhos…

Ah amado, perdoe-me as palavras insensíveis…
Perdoe-me o silêncio…
Perdoe-me a confusão que o coloquei…
Perdoe-me porque não pensei.

Desculpe-me se minhas palavras não o trazem paz, mas sinto saudade de ti…
Desculpe-me a insensatez..
Novamente não encontro as palavras
Que expressem o ardor e a necessidade ilógica de vê-lo.
Perdoe-me se estou aqui a mendigar
Não pertences a mim…
Mas o que posso fazer?
Temo que esqueças de mim
Temo que me abandones, e me veja como uma perdição sem fim…

Ah amado, és minha sina, meu desejo, meu fraquejo… enfim…
Mas digo-te que apesar do texto
Não estou triste,
A melancolia é a forma que consigo
De expressar o amor incompreensível
Que despertaste em mim…


E então, me permita… Conhecer o ínfimo e o nobre, o mais recôndito espaço de seu ser…
Te amo, e não entendo, repito e sou prolixa, mas minhas palavras que um dia falaram de dor, hoje falam do desconhecido amor…

Noites Nebulosas

Noites Nebulosas

A luminescência celestial que enriquece a imensidão noturna se recolheu e apequenou frente à nebulosa presença da dor, da frieza.

Tem noites que são tomadas pela escuridão, entorpecendo Minh‘ alma.

Tem noites que me saqueiam a arte de contemplar a magnificência da existência.

Tem noites que não há, sequer, um lampejo de esperança.

A.B.S.